Imagem: pexels.com |
No dia 15 de agosto foi comemorado o Dia da Informática. Mesmo já tendo passado alguns dias dessa comemoração, decidi escrever como tem sido minha caminhada nesse mundo tecnológico.
Trabalhei no escritório de uma indústria durante alguns anos,
no Setor de Estudos de Suprimentos. Meu trabalho consistia em fazer lançamentos
no sistema da empresa para manter o nível de estoque de insumos e
sobressalentes adequado ao nível de serviço exigido nas áreas de produção. Os
produtos solicitados eram analisados no estoque e posteriormente, se fosse
necessário, seriam adquiridos pelo Setor de Compras.
Quem analisava e fazia os cálculos era o analista ou assistente de suprimentos. O sistema era próprio da empresa e os terminais estavam ligados a
uma central onde era realizado todo o processamento dos dados.
Naquela época, meados da década de 80, além dos terminais, alguns aparelhos Desktop foram
colocados em alguns setores da empresa. No setor em que eu trabalhava tinha um
desses aparelhos. Eu olhava para aquilo e não tinha ideia do que poderia ser
feito. Parecia um “bicho-de-sete-cabeças” (risos).
Iniciei então a
utilizá-lo para redigir textos somente. Mas eu não me via utilizando aquilo com
desenvoltura. Anotava tudo que me explicavam e só seguia aquela “receita”.
Tinha medo de estragar, de fazer algo errado.
Nesse equipamento, era utilizado o DOS (Disk Operating System
ou Sistema Operacional em Disco). Para os mais novos entenderem, tínhamos que
ter um disquete, um disco magnético de 5.1/4” (cinco e um quarto de polegadas -
enorme), com o sistema operacional para que o computador fosse ligado.
A tela era toda preta e tínhamos uma letra que designava o
drive que estava sendo utilizado naquele momento. Se você estiver usando um PC
ou notebook, digite DOS nesse campo de pesquisa que aparece abaixo e veja que aparece na lista “prompt de comando”. Clique
e veja como fica a tela. Usávamos essa tela para colocar os comandos e utilizar
o equipamento. A interface não era nada amigável para com o usuário.
O programa que comecei a aprender a operar na época, se
chamava WordStar, um processador de
texto que rodava a partir de um disquete. Ele é considerado por alguns, o software “pai”
dos editores de texto modernos. Foi o primeiro programa WYSIWYG (What You See Is What You Get) ou seja, o que você vê é o que terá. Apesar disso, não era ainda um editor gráfico como o Microsoft Word que veio alguns anos depois.
“O WordStar foi um programa
relativamente simples de usar, com seus comandos acessados por teclas. Por
exemplo, a combinação CTRL + K + B marcava um bloco de texto que podia ser
copiado ou recortado. Hoje isso é feito rapidamente com o mouse e os comandos
CRTL + C ou CTRL + X. Por se tratar de um software em inglês, as primeiras
versões não tinham o reconhecimento de caracteres acentuados.” – Wikipédia
Na época, usá-lo não era tão
simples assim. Eram muitos comandos combinados. A movimentação do cursor, por exemplo, não era feita por setas ou mouse, mas com a combinação de Ctrl (control) + E, S, D ou X.
Ainda no esquema de “receita”,
comecei a usar um programa de banco de dados chamado dBase. Um dos maiores legados desse programa, foi o formato de arquivo .dbf, amplamente adotado posteriormente. Esse software
também era rodado a partir do prompt de comando. Pode ser considerado o pai do Microsoft Access.
Nessa época, descobri o uso do computador como algo estritamente operacional.
Saí dessa empresa sem avançar
na computação, mas me casei com alguém que já estava interessado na área. Meu
marido viajava ao Japão, comprava computadores de bolso e gostava de programar em
Basic.
Em nossa primeira viagem aos
Estados Unidos, compramos um computador portátil, um laptop que lembrava uma máquina de escrever. Comecei então a usar o
equipamento com um pouco menos de “medo”.
Me matriculei num curso Técnico de
Informática, mais para provar ao meu marido (que vivia insistindo que eu
estudasse isso) que eu “não servia para a coisa” (risos). No entanto, gostei e me identifiquei
tanto com a área, que não me afastei nunca mais. Meu trabalho para concluir o
curso foi um sistema para agendamento de consultas médicas.
Esse curso me fez descobrir o
computador como um equipamento para criação de soluções.
Comecei a dar aulas
particulares em casa. Algumas de minhas alunas, eram mulheres que como eu, haviam sentido "medo" do computador.
Na mesma escola onde fiz o curso, o Senac, fui convidada a dar alguns cursos básicos, como Introdução à Informática (criar pastas, renomear arquivos...), Paint, Word, Excell, etc.
Na mesma escola onde fiz o curso, o Senac, fui convidada a dar alguns cursos básicos, como Introdução à Informática (criar pastas, renomear arquivos...), Paint, Word, Excell, etc.
Descobri então o computador
como ferramenta de produtividade.
Iniciei então um trabalho em casa com Editoração Eletrônica.
Fazia vários tipos de trabalhos com textos e artes gráficas (cartões, convites, artes finais para sacolas...).
Cheguei a escrever um livro ilustrado para uma cliente que se
tornou minha amiga de tanto que esteve em minha casa durante anos. Era um livro
com um método de corte e costura. Fiz ele inteiro, perdi por falha na rede e o
refiz novamente.
Foi um período “muito louco” em que eu passava o dia em frente
ao computador, mas o descobri como ferramenta de criação e arte.
Adquirimos o pacote Corel Draw para esse trabalho. Era e sou
apaixonada pelo Corel.
Não posso deixar de contar que minha filha nunca nos deu
ouvidos sobre ele e gostava do Photoshop até bem pouco tempo. No entanto, na
faculdade começou a fazer ilustrações para a Atlética e se descobriu amante do
pacote Corel também. Acabou adquirindo recentemente para fazer seus trabalhos.
Mas continuando a história, na sequência comecei a preencher Declarações
de Imposto de Renda. Uma vez prestei serviço para uma contabilidade e nos
últimos dias de prazo, quase enlouqueci.
Esse trabalho me permitiu atender ou socorrer pessoas que não
possuíam computador em casa ou habilidade para preparar suas declarações.
Descobri o computador como fonte de renda extra.
Fui contratada pelo Senac de São Paulo e voltei à sala de
aula para trabalhar num programa do Instituto Pão de Açúcar. O computador era
visto como ferramenta para a realização de tarefas mediadas. As aulas se
pautavam na pedagogia da autonomia e permitiam aos alunos, adolescentes de 5ª a
8ª séries, se expressarem com criatividade. Esse programa me rendeu 5 anos de
trabalho.
Fui também convidada para dar aulas de Informática para
crianças com idades de 5 a 10 anos. As crianças eram inseridas no mundo
tecnológico desde cedo, desenvolvendo raciocínio lógico e coordenação motora,
por exemplo. Foram quase oito anos de um trabalho que me trazia muitas
alegrias. Nesse período, conseguia conciliar os dois empregos.
Descobri o computador como ferramenta Educacional.
Após alguns anos, meu último trabalho em sala de aula foi
como professora de Robótica. Atuei em um programa da Lego Education para alunos do Ensino Fundamental I e II. As aulas
eram contextualizadas para terminar em uma montagem referente ao assunto
discutido. Era feita uma montagem de um equipamento com peças lego e acoplado a
um bloco programável (NXT). Para funcionar, era baixado um programa do computador.
O computador foi descoberto como ferramenta de programação de
dispositivos.
Atualmente utilizo o computador como ferramenta de auto-desenvolvimento
e abertura de campos de trabalho. Pesquiso e desenvolvo conteúdos para o blog,
faço cursos on-line, utilizo para interação com outras pessoas em alguns
grupos.
Descobri o computador como ferramenta social e ampliação de conhecimento.
São 30 anos de caminhada na Informática, cheia de descobertas
tecnológicas, mas não menos humanas. Esse tempo me permitiu conhecer, atender e
ensinar muitas pessoas, além de estimular muitos a iniciarem o próprio caminho
nessa área.
Sou grata pelas oportunidades que tive e tenho, de continuar
trilhando esse caminho.
Me siga nas redes
Este texto participa também da Blogagem Coletiva Semanal #52semanasdegratidão de Elaine Gaspareto, cujo objetivo é valorizar e compartilhar nossas pequenas e grandes alegrias... nossas vivências e aprendizados.
Uau, eu usei o wordstar no primeiro computador que tivemos a casa e tinha queles disquetes enormes e horríveis, que quebravam e davam problema. Tinha que salvar em dois ou três para ficar na mão e surtar sem o que tinha sido salvo ali.
ResponderExcluirEu aprendi a digitar em uma máquina de escrever e amava aquele barulhinho, mas não hesitei em mudar de um para o outro. Adoro meu notebook e suas facilidades e acho engraçado lembrar como tudo foi um dia. Já passei por tantos SO que nem me lembro mais de todos. rs
Adorei seu post, foi uma viagem aqui.
Ah, eu aprendi a diagramar no word, meu primeiro trabalho foi no bom e velho pacote office que tinha PPT. rs
Hoje nem sei mais o que é isso e duvido que me lembre como usá-lo. rs
bacio
Muitos detalhes eu também esqueci. Se pegasse só o DOS para fazer alguma coisa, tipo copiar arquivo, renomear, listar, teria que pesquisar primeiro como fazer. É muita história para contar. rsrs
ExcluirOlá Quel, tive experiências com o medo de computador quando fiz estágio numa escola e faríamos um treinamento em que o tutor se comunicaria conosco por um fórum. Muitas professoras mal sabiam o que era um email. Algumas arrastavam o mouse até ele sair da mesa porque não sabiam que dava pra levantar e recomeçar o movimento. Eu ria na época porque era nova, mas ajudava. Hoje entendo as limitações delas na época.
ResponderExcluir