Passadiço - Imagem: pexels.com |
Continuando a escrever para o BEDA, hoje trago uma história de um período que marcou a minha vida tanto com alegrias, quanto com desafios.
Me casei e tive que assumir uma vida que não havia sonhado ter. Mas sabe, na verdade não havia sonhado com nada. Nem havia me imaginado casada.
Me casei e tive que assumir uma vida que não havia sonhado ter. Mas sabe, na verdade não havia sonhado com nada. Nem havia me imaginado casada.
Então, quando você aceita se casar com um marítimo, não imagina o
quão forte você precisa ser ou o quão forte você se tornará pelo tipo de vida
que acaba levando. Escrevi sobre isso em Desafios na vida de uma esposa de marítimo. Quando escrevi "Quer casar comigo?", já contei como
foi que me casei. Antes de me casar, eu não tinha ideia do que era isso,
ser esposa de marítimo. Na verdade, descobri que tinha dissabores e alegrias.
Meu marido foi estudar na Escola de Formação de Oficiais da
Marinha Mercante (EFOMM) quando tinha 17 anos. Saiu de casa com essa idade e
ficou como interno. Aos 18 anos, já estava fazendo sua primeira viagem para o
Japão. Se formou como 2º Oficial de Náutica (vulgo piloto) com 20 anos. Começou
então a navegar e fez muitas viagens ao exterior.
Quando solteiro, aconteceu de viajar durante 9 meses seguidos indo ao Japão, Coréia, Singapura, etc. Ele gostava dessas viagens.
Assim que nos casamos, ele queria que eu o acompanhasse na primeira viagem que fez ao Japão. Por circunstâncias alheias à nossa vontade, isso não foi possível. Até hoje agradecemos a Deus por ter sido assim, porque durante essa viagem aconteceu um incêndio. Ele sempre me diz que se eu tivesse ido, nunca mais ia querer acompanhá-lo a bordo. Como não fui, não houve traumas e menos de um ano depois, eu estava fazendo minha primeira viagem ao exterior. Vou contar um pouco a seguir sobre essa viagem.
Antes de embarcar, foi uma maratona de idas a São Paulo para pegar o visto americano e também do Canadá. Consegui um visto de 4 anos.
Saímos de Paranaguá (o navio carregou soja) e fomos à Tarragona na
Espanha, durando a travessia uns dezessete dias. Como foi minha primeira experiência
de longo curso, fiquei meio impaciente. Durante esses dias, mudávamos de fuso
horário a cada quatro dias para acompanhar o sol e para adequar nosso relógio biológico. Evitava-se assim um desconforto na chegada, pois a diferença é de 5 horas.
Ao chegarmos lá, parecia que tínhamos recebido um presente divino,
porque foi paixão à primeira vista. Amei a cidade logo de cara e a achei linda e organizada. Banhada pelo Mar Mediterrâneo, fica a 100km a sudoeste de Barcelona, é destino de muitos turistas, tanto pelas praias, quanto pela tradição histórica
e cultural. Conheça um pouco no vídeo a seguir.
Passeamos muito e fizemos amizade com um grupo composto por famílias que conhecemos numa igreja. Degustamos o prato típico espanhol, preparado
pelos nossos próprios anfitriões, a paella. Fomos com eles a vários locais da cidade e participamos de um "sítio" como eles chamam o piquenique. Foi um período muito especial e nos deixou
excelentes lembranças no coração e através de fotos que tiramos. Nos correspondemos
com um dos casais durante alguns anos por carta e atualmente tenho contato com a esposa, minha xará, pelo
Facebook.
Casa de amigos em Tarragona - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
No dia da saída de Tarragona, a esposa de um marinheiro fazia aniversário e eu faria no dia seguinte. Ela providenciou uma festa surpresa para mim e comemoramos juntas. Achei um carinho muito grande por parte dela. Fiquei muito grata. Atualmente tenho contato com ela também pelo Facebook.
Saindo do Mar Mediterrâneo, fomos até o continente Africano. O destino foi a República da Guiné, mas nem baixamos terra porque além da distância a ser caminhada num trapiche, o navio não permaneceu muito tempo atracado. Alguns homens do povoado vieram a bordo para vender coisas.
Festa surpresa - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Saindo do Mar Mediterrâneo, fomos até o continente Africano. O destino foi a República da Guiné, mas nem baixamos terra porque além da distância a ser caminhada num trapiche, o navio não permaneceu muito tempo atracado. Alguns homens do povoado vieram a bordo para vender coisas.
República da Guiné - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Depois fizemos a travessia para os Estados Unidos e fomos a Port
Lavaca no Texas/USA. Novamente tivemos adaptação de fuso horário, porque a
longitude era muito diferente. A cidade é bem pequena (36,5 km2) e nunca tinha ouvido falar desse lugar antes. Mas foi legal, porque lá adquirimos
nosso primeiro computador. Era um laptop da marca Tandy e o chamávamos de
Tandynho. No Brasil ainda era novidade. Curtimos muito esse equipamento,
mesmo sem termos internet naquela época.
Durante essa travessia, eu fiquei triste por não poder comemorar o
aniversário de 1 ano de casamento como os casais normalmente fazem. Meu marido
vendo que eu estava meio "pra baixo", saiu do camarote e pediu que eu
esperasse um pouco. Pouco depois, entrou com um bolo feito de pão de forma com
cobertura de chocolate, um creme branco e pêssegos, além de 2 latas de
refrigerante. Fiquei super feliz por ele ter se empenhado em me alegrar.
Bolo de aniversário de casamento - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Na sequência, fizemos uma nova travessia, indo para Agadir, no Marrocos. Ficamos poucos dias e não deu
para passear muito. Confesso que ao chegarmos no Marrocos, ficamos um pouco
temerosos de andar por lá, depois relaxamos e caminhamos para conhecer. Se
quiser saber como é, linkei aqui um vídeo sobre Agadir.
Agadir/Marrocos - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Depois conhecemos então Casablanca, que é a maior cidade do Marrocos. É uma cidade
linda e tem uma grande influência francesa na sua arquitetura, sendo o seu centro com edifícios brancos e
Art Déco. Há também em Casablanca edifícios muito bonitos e imponentes de
arquitetura marroquina. Talvez pela minha aparência, algumas
pessoas olhavam para mim e achavam que fosse marroquina. Falavam comigo como se
eu pudesse entendê-los. Ríamos muito disso. Caminhamos bastante por lá.
A população fala francês e árabe. Na cidade tem
uma vila árabe com um mercado grande, uma espécie de feira com uma variedade
enorme de utensílios, roupas e comidas. Fora da vila árabe, o comércio também
era muito bom. A Alpha 55 foi uma loja que nos encantou.
Mais uma travessia e estávamos nos Estados Unidos novamente e dessa vez na linda cidade de Nova Orleans (bem antes do furacão Katrina destruí-la).
Na foto abaixo, vemos um barco que fazia um passeio turístico pelo Rio Mississipi. Passeamos muito pela cidade.
Rio Mississipi - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Nova Orleans - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Finalmente, fomos para Quebec, no Canadá. O navio entrou em um rio
e como estávamos em novembro, este logo congelaria, então não ficamos muitos
dias. Falava-se em -25ºC e não se poderia mais navegar. Foi muito legal, porque
pela primeira vez andamos e brincamos na neve. A praça já tinha virado pista de
patinação. Ao passear pelas ruas, os pés quase congelavam, mas não deixávamos
de sair. Forrava minhas botas com jornal dobrado para tentar aguentar um pouco
mais. A alternativa era entrar em lojas para aquecer os pés um pouco.
Inesquecível para alguém que mora numa zona temperada, quase tropical.
Quebec/Canadá - Foto: acervo pessoal / Raquel Trindade |
Saímos de Quebec direto para o Brasil. A viagem inteira durou pouco mais de três meses.
Bem, já queria ter escrito sobre isso a algum tempo, mas só hoje o fiz. Alguns detalhes acabaram se perdendo, mas como tenho o registro em fotos, não ficou tão difícil lembrar no geral.
Espero que tenham gostado da história e das fotos. Em breve vou escrever sobre as outras vezes em que fiz viagens de longo curso como essa. Até mais!
Espero que tenham gostado da história e das fotos. Em breve vou escrever sobre as outras vezes em que fiz viagens de longo curso como essa. Até mais!
“Minha vida é como um livro,
cada dia uma página, a cada hora
um novo texto, a cada minuto uma palavra, e
neste segundo
um sim ou não que pode mudar minha história”.
Elan klever
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Uau, uma linda viagem, uma bélissima história.
ResponderExcluirbacio
Que fotos mais lindas! Tão bom lembrar viagens que marcaram nossa vida, né? Achei fofo o seu marido ter conseguido bolo e refrigerante pra você! ahaha <3
ResponderExcluirBeijos... E ah, venha fazer uma visita ao meu blog!
Entre Devaneios
Que linda história menina! Beijos
ResponderExcluirSeguindo o blog
http://encantosdasil.com/
Ai que delicia ver essas fotos!!!!
ResponderExcluirAdorei seu post!
Beijos
https://coracaopinup.blogspot.com.br/
Você já foi a tanto a lugares incríveis *0*
ResponderExcluirCom amor,
♥ Bruna Morgan ♥