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Sou
uma pessoa naturalmente feliz, mas tive momentos muito ruins de tristeza em
minha adolescência e juventude.
Até
para valorizar o que passei a viver depois, sempre lembro do quanto foi
dolorosa essa fase. Tínhamos um clima muito difícil de convivência dentro de
casa, porque meus pais não se davam bem, viviam num “inferno” de
relacionamento. Nunca tentaram se controlar, esconder ou camuflar como viviam, mas não se separavam. E nós, os filhos, estávamos sempre no meio da confusão. Isso mexia com minha cabeça e me revoltava. Apesar desses conflitos, tiveram sete filhos. Hoje penso que no fundo, se amavam.
Uma
atitude que eu e meu marido adotamos, foi de nunca brigar diante de nossa
filha. Os conflitos do casal, tem que ser resolvidos somente entre os dois. Os
filhos não precisam fazer parte disso, porque não conseguirão ajudar e ainda
podem ficar emocionalmente abalados porque amam a ambos.
Além
dos conflitos, tinha o fato de que morávamos em nove pessoas (pai, mãe e
sete filhos) num apartamento de 2 quartos. Consegue imaginar como era isso? Um
banheiro só, para nove pessoas. Eu tinha 17 anos quando meu irmão mais novo
nasceu e minha irmãzinha tinha 4. Então, a casa era uma bagunça só, e muita
gritaria, porque um queria falar mais alto que o outro para ser ouvido. Todos
nós falamos muito alto até hoje (risos). Tem um de meus irmãos que não consegue
falar, praticamente grita o tempo todo, fala muito alto mesmo.
Infelizmente
eu fui uma adolescente revoltada contra minha mãe, porque via que grande parte
dos conflitos era causado por ela. Então, o que eu fazia? Saía de casa! Passava
o tempo que pudesse, longe de tudo aquilo.
Aos
quinze anos, pensei em morar separada de minha família e até achei um
apartamento para dividir com uma moça. Mas eu era menor de idade e ela disse que
meus pais teriam que autorizar. Desisti imediatamente, porque sabia que isso
jamais aconteceria. Apesar das dificuldades, eles cuidavam de nós, os filhos,
ostensivamente.
Uma
coisa muito interessante acontecia: quando eu saía para trabalhar ou estudar e fechava
a porta de casa, deixava todos aqueles conflitos lá mesmo. Era como se eu
esquecesse de tudo e lembrasse só quando retornava àquele espaço. Acho que
nenhuma amiga ou amigo meu sabia o que eu vivia na vida familiar. Pelo menos,
penso que ninguém sabia.
Levei
poucos amigos para conhecer minha família, mas esses me acompanham até hoje e
lembram de episódios na minha casa, que até eu já esqueci. Felizmente lembram
de coisas boas, como uma comida que minha mãe fazia ou algo relacionado a meus irmãos.
Nunca
levei nenhum namorado para conhecer minha família (exceto o que se tornou meu
marido), porque tinha vergonha. Também morria de medo de que isso se tornasse mais um
conflito para eles, a preocupação com a filha que estava namorando. Achava que
não teria apoio de meus pais e que me proibiriam de sair. Nunca nem falamos
sobre isso. Não tínhamos diálogo, infelizmente.
Hoje
eu converso abertamente com minha filha, pergunto se está namorando, se está
paquerando, mas ela é muito diferente de mim, muito sossegada nesse sentido. Quer
estudar, se formar, ter seu próprio sustento e aí então pensar em ter uma
família. Mas sonha em ser mãe e quer que eu seja aquela vó que cuida dos netos.
Não sei se conseguirei, porque se ela demorar demais nem terei energia para
isso (risos).
Escrevi esse texto como um desafio, contando alguma história bem pessoal. Aliás, meu blog tem muitas histórias pessoais. Me sinto bem quando escrevo a respeito do que já vivi.
“O meu objetivo é colocar no papel aquilo que vejo e aquilo que sinto, da mais simples e melhor maneira”. - Ernest Hemingway
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A imagem a qual fui desafiada a escrever, é a que está no topo da postagem.
A parte boa de tudo que viveu na sua adolescência é que serve de espelho do que NÃO fazer com suas filhas, tudo na vida pode ser usado como aprendizado só depende de cada um para extrair o melhor da vida.bjsssa
ResponderExcluirÉ uma história de vida e tanto! Normalmente, quando se tem famílias muito grandes é difícil de controlar toda a gente. Porém, o final dessa história, pelo que me deu a entender, é que tem a sua própria família e são muito felizes.
ResponderExcluirEspero que continue assim. Tudo de bom!
Beijo,
Patrícia
Imagino como tiveram momentos difíceis e conturbados, o bom é que nos dias atuais já adultos valorizamos muito nossa vida, por já conhecer o tipo de vida que não gostaríamos de viver e isso acaba nos ajudando a fazer escolhas melhores, que bom que vc tem um relacionamento bacana com sua filha e sempre tem aquelas lembranças de algumas coisas legais mesmo na época difícil rsrs bjs.
ResponderExcluirMuito bacana essa reflexão sobre sua adolescência e a forma como o que você vivenciou com seus pais reflete na forma como você tenta tratar sua filha, não tentando cometer os mesmos erros e tentando ser uma melhor exemplo. Parabéns por isso!
ResponderExcluirhttp://lenabattisti.blogspot.com.br/
Todo mundo tem um problema ou outro na família, que bom que superou e se vê como uma pessoa feliz hoje em dia e melhor ainda, tenta fazer diferente e melhor com sua filha. ♡
ResponderExcluirBeijos
https://aaquariana.wordpress.com/
Querida Quel
ResponderExcluirMuito bonito seu post
Acredito que os pais agiam sim com boa intenção, mas como é pesado creditar aos filhos a manutenção do casamento, não é mesmo?
A lição que fica é que não devemos repetir este clima. Pelo que te acompanho, percebo que você é uma mulher muito querida e mãe afetiva e compreensiva
Parabéns pela lucidez e pela coragem do texto
Bjks mil
www.maeliteratura.com.br