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Desafios na vida de uma esposa de marítimo

mulher de vestido azul e branco
Foto: Valeria Boltneva - Pexels

Desafios na vida de uma esposa de marítimo


Para quem não sabe, o "marítimo" não é o "marinheiro" (apesar de este também poder ser um marítimo - pessoal do convés). Ele trabalha só na Marinha Mercante e o marinheiro é a pessoa que trabalha em embarcações em geral ou assiste à sua operação, manutenção ou serviço. Se quiser, leia mais no texto Ser Marítimo

Quando me casei, acompanhei meu marido, porque ele trabalhava como Oficial de Náutica.  Ele trabalhava na Marinha Mercante do Brasil (levava mercadorias de um porto ao outro), dentro e fora do Brasil. A tripulação de um navio é composta por vários profissionais em várias funções. Ser Oficial de Náutica, nada mais é do que ser o "piloto" do navio, fazer a navegação. 


Hoje, quero explicar um pouco o que é ser esposa de marítimo. Depois de nos casarmos é que fui entender os desafios que esse tipo de profissão me trazia pela frente. As empresas normalmente permitem que os tripulantes embarquem com familiares como acompanhantes. Quem tem filhos, normalmente faz isso com mais frequência nas férias escolares. 

Fiz viagens de longo curso (travessias oceânicas) e de cabotagem (na América do Sul). Sobre algumas dessas viagens, ainda quero contar um pouco no blog, mas nesse post não o farei para que o texto não fique muito longo. Farei um post específico em breve e acrescentarei o link aqui.

Na primeira viagem após o casamento, não pude acompanhá-lo ao Japão. Fui de Santos até Salvador e desembarquei. Ele seguiu e retornou quase 4 meses depois ao Brasil. Fui encontrá-lo em Manaus e fiquei a bordo enquanto o navio descia pela costa do Brasil até Santos. Depois, ao longo do tempo, isso aconteceu mais algumas vezes. Eu ia onde o navio chegasse, para encontrá-lo. Fui a Vitória/ES, Paranaguá/PR, Porto Alegre/RS, etc.
Saí do meu emprego para poder acompanhá-lo, pois se não o fizesse, viveríamos separados. Não me arrependo e me adaptei muito bem a essa nova vida. Eu sentia uma certa náusea quando estava a bordo, tomava um Dramin, dormia um pouco e então passava o restante do dia, bem. Conheci uma esposa de tripulante que passava mal o tempo todo, mesmo sendo medicada.

viagem de navio

Ser esposa de marítimo não é nada fácil. Você tem que ser forte e abrir mão de muitas coisas. Não pode dar ouvidos aos boatos de que o marido tem uma mulher em cada porto, senão enlouquece de ciúmes. Você confia ou não confia, simples assim. Cheguei a sofrer pelas cobranças e perguntas das pessoas que nos conheciam, mas sei que nos amavam e gostavam de nos ver juntos. Mas, cada vez que me perguntavam dele quando saía em viagem, eu não tinha muito o que dizer e doía o coração. Uma vez um amigo que encontrei teve a capacidade de dizer que eu desse um abraço nele, em seguida completou: pega uma foto dele e abraça. Nesse dia eu chorei muito. As pessoas, às vezes, podem ser muito cruéis, mesmo não percebendo.

Não era fácil ficar longe do meu marido, mas tive o apoio da minha família e isso foi fundamental. Foram 5 anos assim, bem diferentes de uma vida normal de pessoas que saem para trabalhar e voltam para casa, construindo uma vida a dois. Nossa vida a dois era entrecortada pelas viagens. Por outro lado, uma vez por ano eu podia fazer uma viagem de longo curso com ele.
A bordo, não havia luxo, era local de trabalho, e eu também não tinha muito o que fazer. Usava o tempo para ler, bordar, dormir e tirar "quarto" de serviço com meu marido. Em algumas travessias oceânicas eu passava as madrugadas acordada no passadiço. Acabávamos ficando, literalmente, 24 horas por dia juntos. 
O navio não permanecia muitos dias num porto só, mas chegamos a ficar uns sete dias em alguns lugares e passeamos bastante. Meu marido cumpria sua escala de serviço e depois estávamos livres para aproveitar o tempo e conhecer a cidade da atracação.

Pesquisando a respeito desse tipo de vida, achei esse texto fictício bem legal e vi que explica um pouco como essas mulheres especiais vivem na sociedade:

A ESPOSA DO MARÍTIMO

“Quando DEUS criou a esposa do marítimo, ele já estava há 6 dias além do prazo.  Um anjo apareceu e disse:
- O Senhor está tendo muitos problemas com este projeto? Qual a dificuldade?
DEUS respondeu:
- Você viu as especificações para esta criação? É muito complexa, ela deve ser completamente independente, estar pronta para mudar de estado ou país a qualquer momento e ter a qualidade de ser mãe e pai nas viagens e afastamento do marido.  Ela deve ser a recepcionista perfeita para 40 convidados, deve estar preparada para administrar sozinha emergências sem nenhum manual de instruções.  Ela deve ter a paciência de uma santa, deve suportar as ausências do marido no dia das mães, dos namorados, dos pais, aniversários, no Natal, no Ano Novo, e até no nascimento de um filho.
Até o momento o seu problema é o coração.  Ele acelerará com orgulho de seu marido, mas deverá suportar a dor das separações e as demoras no regresso do lar, e deverá ser forte para, quando estiver cansada de suportar tudo isso, possuir a grandeza suficiente de dizer ao marido: não há problema, querido, eu te entendo e te amo mesmo assim.
- Senhor - disse o anjo, tocando levemente sua face - venha para a cama!  O Senhor pode acabar este serviço amanhã; não é fácil criar esta mulher.
- Eu não posso - disse DEUS - estou próximo de criar um ser humano único e inigualável.  Inclusive, ela já poderá se curar sozinha quando estiver doente, poderá receber, sem reclamar, cinco convidados inesperados, amigos de seu marido, cujo navio atracou na cidade.  Ela cuidará só, do filho doente, e aprenderá a acenar para o marido do cais, suportar suas ausências, as vezes sem saber quando ele voltará.  Ela entenderá que este é o seu trabalho, que é importante e assim o aceitará e sentirá muito orgulho.  Às vezes ele chegará triste e preocupado, e ela será a única pessoa que terá poderes de lhe dar força para seguir adiante.
O Anjo percebeu que o modelo estava praticamente pronto e observou lentamente e disse:
- Ela parece frágil.
- Parece, mas é valente, muito valente! - disse DEUS com entusiasmo.  Finalmente o anjo se debruçou sobre o modelo recém terminado.  Quando tocou a face da esposa do marítimo, quase pronta, disse o anjo:
- Senhor, ainda não está pronto, tem um vazamento em seu rosto.
- Isto não é vazamento. - disse DEUS - É uma lágrima.
- Para que? - perguntou o anjo.
- Isso é para a alegria do regresso, para a tristeza da partida, para a amargura, para a saudade, para a solidão...  Para os dias que ela o espera e ele chega tarde da noite, e às vezes, nem chega.
- DEUS o senhor é um gênio! - exclamou o anjo...
DEUS contemplou aquele recém criado tipo de mulher e disse:
- Meu caro anjo, só tem um pequeno detalhe, não fui eu quem colocou esta lágrima; ela surgiu não sei como...
Prepare-se! Ela será uma mulher muito especial, muito diferente de qualquer outra que passou pela face da terra.  Ela será a mulher de um homem do mar.  Ela será como nenhuma outra, profundamente amada, respeitada, e valorizada pelo seu marido.”


Sou grata a Deus, porque meu marido saiu da Marinha Mercante para que tivéssemos uma vida normal. Ele quis sair e eu também quis que ele saísse. Orávamos por isso. Pensávamos em como seria difícil ter filhos e ele não estar perto para vê-los crescer. Eu, por outro lado, não me sentia forte o suficiente para aguentar a barra de ser mãe e pai ao mesmo tempo.
Saiu e nunca se lamentou. Foi mesmo a escolha certa. 


O texto A Esposa do Marítimo, foi encontrado na internet sem créditos, no site Mulher de Petroleiro. Se alguém souber quem é o autor, entre em contato comigo, por favor para que eu coloque os créditos devidos.



52 semanas de gratidao

Este texto participa da Blogagem Coletiva Semanal #52semanasdegratidão de Elaine Gaspareto, cujo objetivo é valorizar e compartilhar nossas pequenas e grandes alegrias... nossas vivências e aprendizados.




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4 comentários:

  1. Adorei conhecer mais um pouquinho da história de vocês.
    Muito bacana!
    Eu imagino que não tenha sido fácil...meu pai é piloto e também é uma vida diferente
    Eu amo mar e acho fantástico quem trabalha em navios.
    Bjs, querida

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  2. Deve ser ótimo, assim não tem rotina cada vez em um lugar.

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  3. Gente, que texto forte! Fiquei emocionada enquanto lia. Temos alguns marítimos na família também e seus relatos me são bem familiares. Concordo contigo, as pessoas podem ser muito crueis em pequenas coisas e nem percebem... =/ Mas que bom que vocês vivem bem, e que sejam muito felizes! =)
    Bjks!

    Mundinho da Hanna

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  4. Olá, querida Quel!
    Tão ruim ficar longe de quem amamos! Ainda bem que tudo se resolveu...
    Seja muito feliz e abençoada!
    Bjm de paz e bem

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