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Londres |
Intercâmbio em Londres
Há tempos queria contar sobre o intercâmbio que minha filha fez em
Londres. Mas sempre achei muito difícil, porque não saberia colocar tudo num
post. Então, pensei em entrevistá-la. Achei que seria mais fácil se ela
respondesse algumas perguntas.
No início, quando pedi que me falasse sobre o assunto, ela
resistiu um pouco. Disse que ficaria triste por sempre querer voltar a Londres.
Lembrar, traria alegrias, mas uma certa saudade, um gostinho de “quero mais”.
Mas, depois concordou em responder minhas questões.
Demorou um pouco, por causa da falta de tempo dela em escrever as
respostas. Resolvi então usar outra técnica e pedi que gravasse áudios com as
respostas. Assim ficaria mais fácil para mim e para ela.
A realização de um sonho
Quando surgiu a ideia do intercâmbio, eu como mãe, sabia que seria possível em termos de finanças.
Havíamos nos preparado para isso, como contei em Intercâmbio
em Londres – um sonho possível. Mas, confesso que
tinha um certo receio. Deixar minha filha sair do
país, sozinha? Seria uma loucura se permitíssemos isso! Como mãe, no
fundo não gostaria que saísse de perto de mim. Sempre tivemos um relacionamento
de muito carinho uma com a outra. Mas ela cresceu, fui me acostumando com a
ideia e tudo se materializou.
A contratação do pacote, foi nos seguintes moldes: incluía o curso
de inglês na escola Frances
King e a moradia com duas
refeições por dia - café da manhã e jantar. O almoço, lanches e transporte no
dia a dia não estavam inclusos.
Quando surgiu a vontade de fazer o intercâmbio? O que te atraiu
tanto nessa possibilidade?
Acho que foi de pesquisar na internet. Eu era fã do McFly, banda inglesa, desde novinha. Por pensar tanto na possibilidade de conhecê-los, virou sonho ir a Londres. Mas a viagem foi muito mais que isso. Tanto que estando lá, nem lembrava da banda.
Acho que foi de pesquisar na internet. Eu era fã do McFly, banda inglesa, desde novinha. Por pensar tanto na possibilidade de conhecê-los, virou sonho ir a Londres. Mas a viagem foi muito mais que isso. Tanto que estando lá, nem lembrava da banda.
Confesso que não achei que fosse possível, porque quando quis fazer o High School, meus pais não deixaram. Pensei que fosse por causa do dinheiro. Fiquei muito feliz quando soube que poderia ir.
Qual a sua idade quando fez o intercâmbio e quanto tempo
permaneceu em Londres? Sentiu algum tipo de medo quando foi viajar?
Tinha acabado de completar 18 anos e permaneci por 12 semanas. Fui muito feliz nesse período e me senti “em casa”.
Tinha acabado de completar 18 anos e permaneci por 12 semanas. Fui muito feliz nesse período e me senti “em casa”.
Senti medo por uns 3 minutos antes de embarcar, pela expectativa e uma
espécie de ansiedade. E quando cheguei lá, senti medo de não ser aprovada na
imigração. Me senti aliviada quando passei.
Quando se chega lá, é um choque e quando se tem que voltar, outro choque.
Gostou do local onde morou? E a comida, estranhou algum prato
servido?
No primeiro dia não gostei do local. A dona da casa não estava e tinha pessoas estranhas, a casa cheirava a cigarro e achei tudo muito pequeno. Disse para minha mãe que achava que não queria ficar naquela casa. Porque é possível trocar de casa quando o intercambista não se adapta. Depois conheci a família que voltara de viagem e comecei a gostar. As acomodações eram boas e tinha um quarto só para mim. Talvez se eu tivesse ficado num alojamento estaria mais próximo de outros estudantes, mas gostei.
No primeiro dia não gostei do local. A dona da casa não estava e tinha pessoas estranhas, a casa cheirava a cigarro e achei tudo muito pequeno. Disse para minha mãe que achava que não queria ficar naquela casa. Porque é possível trocar de casa quando o intercambista não se adapta. Depois conheci a família que voltara de viagem e comecei a gostar. As acomodações eram boas e tinha um quarto só para mim. Talvez se eu tivesse ficado num alojamento estaria mais próximo de outros estudantes, mas gostei.
Não estranhei a comida, mas quando eles fazem macarrão, não
colocam sal na água. O sal é colocado por cima. O restante, tudo normal. Teve
um dia que fiz brigadeiro para a família.
Em que estação do ano você esteve lá? Pegou muito frio?
Cheguei no final do verão, quase começando o outono. Naquele ano o verão tinha sido mais quente que o normal, (teve um Indian Summer). Depois esfriou bem, mas a temperatura mais baixa que peguei foi de 3 graus.
Cheguei no final do verão, quase começando o outono. Naquele ano o verão tinha sido mais quente que o normal, (teve um Indian Summer). Depois esfriou bem, mas a temperatura mais baixa que peguei foi de 3 graus.
O aproveitamento do curso, foi bom? Você aprendeu algo novo?
O inglês que eu aprendi no Brasil, foi o americano. Tive então mais contato com o inglês britânico, com certas gírias, trocadilhos, coisas do dialeto popular que não aprendemos nas aulas. Essa foi minha maior aprendizagem. O curso também me abriu portas de relacionamentos com mais pessoas e fiz amizades. Por ter sido de segunda a sexta-feira durante a tarde inteira, houve mais convivência. Com alguns do grupo, ainda mantenho contato. Vão fazer parte da minha vida para sempre, mesmo à distância.
O inglês que eu aprendi no Brasil, foi o americano. Tive então mais contato com o inglês britânico, com certas gírias, trocadilhos, coisas do dialeto popular que não aprendemos nas aulas. Essa foi minha maior aprendizagem. O curso também me abriu portas de relacionamentos com mais pessoas e fiz amizades. Por ter sido de segunda a sexta-feira durante a tarde inteira, houve mais convivência. Com alguns do grupo, ainda mantenho contato. Vão fazer parte da minha vida para sempre, mesmo à distância.
Usava
ônibus para ir à escola (me deixava em frente) ou ia de trem e metrô. Comprei
um tipo de passe que podia ir para qualquer lugar entre a Zona 1 e 3 (onde eu
morava). Isso facilitou muito o meu ir e vir. Transporte
eficiente e muito pontual (raramente atrasa). Não existe um descaso com a
pontualidade.
Você conseguiu conhecer lugares legais em Londres. Poderia citar algum
favorito? Fez compras? Trouxe coisas legais na bagagem?
Meu lugar favorito era Camden Town, um bairro alternativo mais para o norte, com feirinhas, brechós, etc. Fiz todo o tour que os turistas fazem, mas chegou um tempo em que eu por me sentir muito "em casa", já não “turistava” tanto.
Meu lugar favorito era Camden Town, um bairro alternativo mais para o norte, com feirinhas, brechós, etc. Fiz todo o tour que os turistas fazem, mas chegou um tempo em que eu por me sentir muito "em casa", já não “turistava” tanto.
Minhas compras foram mais para o dia a dia e coisas para meu uso
imediato. Comprei roupas que ainda uso e tinha algumas lojas que eu amava como Primark e Forever 21. Comprei livros num brechó porque era muito barato. Para
alguns amigos e familiares, comprei várias lembranças como chaveiros, ímãs e snow
globes, além de chás e utensílios para o lar. Apesar de não ter
ido com a intenção de comprar muitas coisas, precisei comprar uma mala grande
para voltar para casa.
Fez viagens para conhecer lugares interessantes próximos a
Londres? Assistiu a algum espetáculo teatral?
Sozinha, ficou meio difícil. Alguns dos amigos que fiz, moram na Europa e não era atraente para eles fazer essas viagens. Mas sim,
viajei.
Fui à casa de um amigo do meu tio em Milton Kings. Passei o final de semana com a família. A convivência foi muito boa.
Fui à casa de um amigo do meu tio em Milton Kings. Passei o final de semana com a família. A convivência foi muito boa.
Fiz também uma excursão a Amsterdam que foi boa, mas se fosse
hoje, iria por minha conta. Fiquei meio presa com horários e o hotel ficava
longe do centro da cidade. Nem deu tempo de ir à casa da Anne Frank. Amei a
cidade e moraria lá, com certeza! Não tem quase carros, mas muitas bicicletas.
Não existe trânsito ruim e as pessoas são muito educadas. Criaria meus filhos
lá.
Quanto a espetáculos teatrais, assisti The Lion King no West End Theatre e Billy Elliot no Victoria Palace Theatre.
Bem, essa foi a entrevista. Espero que tenham gostado.
Voltou ao Brasil como se estivesse
fazendo algo que não queria, meio triste. Ficou meio “assim”,
meio estranha, meio “deprê”.
Me disse que sente falta de lá todos os dias. Mas, nossa realidade de vida é aqui. Não daria para ela permanecer por mais tempo lá. Não tínhamos recursos para sustentá-la fora do país. Tenho certeza de que no futuro irá novamente, mas por sua própria
conta.
Sou grata e ficamos felizes em poder
realizar esse sonho, afinal, ela é nossa única filha. Se não fizermos por ela,
para quem faremos? Outras pessoas, a gente ajuda, mas filhos... a gente faz
tudo por eles!