Relacionamentos à distância, podem dar
certo? Sou prova viva de que sim, pode! O ponto principal para que
isso aconteça com sucesso, é que o casal mantenha os sentimentos de respeito e
cumplicidade. Em qualquer relacionamento, confiar no outro é fundamental, mas à distância tem um
valor maior. A expectativa do próximo encontro é sempre um motivo de uma certa
ansiedade e quando acontece, a alegria é imensa. O abraço é mais caloroso e os
beijos são mais ardentes.
Casei com um marítimo. Na época, seu cargo era 2º Oficial de
Náutica ( piloto de navio) e é lógico que nessa profissão seria quase
impossível que ele trabalhasse em terra. Não dava para pilotar prédios.
Já contei como começou o nosso relacionamento, no post Aniversário de Casamento. Depois do
primeiro encontro presencial (quando conversamos pela primeira vez), nos
falamos somente por telefone e trocamos muitas cartas. Ele fez uma viagem
ao Japão e outros países, retornando quase quatro meses depois.
Antes do surgimento do telefone celular no Brasil, tínhamos poucos
meios de comunicação. Quando queríamos nos comunicar com alguém que estava
longe, era por carta, telegrama ou telefone fixo.
Para um marítimo, a carta era endereçada ao agente do navio no
exterior. Ela só seria entregue ao destinatário, vários dias e às vezes, até
meses depois. O cartão de telefone do exterior para cá, durava pouco, além
disso, era muito caro. O telegrama era usado somente em caso de urgência.
Uma outra forma de falar com alguém em um navio, era via Rádio, no
Serviço Móvel Marítimo (SMM). Esse serviço permite
a comunicação, via rádio, entre uma pessoa em terra e outra que esteja a bordo
de uma embarcação, em qualquer parte do mundo, através das estações costeiras.
Mas, além de ter um custo altíssimo, anteriormente a ligação demorava muito a
ser feita. Não sei se ainda é assim hoje.
Na última vez em que pedi uma ligação para a Santos
Rádio, solicitei às 22 horas de um dia e só fui chamada para falar às 6 horas
da manhã do dia seguinte. Não tínhamos aparelhos celulares em 1994 e nem
torpedos para enviar mensagens. A Internet também não era utilizada por nós
brasileiros (foi liberada somente em 1995). Portanto, não tínhamos ainda o
correio eletrônico para troca de e-mails e nem navegação.
Então, durante os quase quatro meses que antecederam nosso namoro, nos correspondemos muito por carta. Escrevíamos sobre nosso jeito de ser, sobre nossos gostos e sonhos. Também sobre nossas famílias, nosso trabalho, nossos sentimentos. Trocamos fotos e cartões e até poesia rolou.
Eu
e meu marido temos todas as cartas que trocamos, bem guardadas. De vez em
quando gostamos de ler e relembrar aquele período tão especial em nossas vidas.
Nosso rápido namoro foi semi-presencial, porque
ele morava no Rio de Janeiro e teve que resolver vários assuntos por lá, tanto
pessoais quanto profissionais.
Após o casamento, embarquei com ele em Santos/SP
e desembarquei em Salvador/BA. Ele fez uma viagem ao Japão e outros países da
região, passando pela África do Sul sem mim. Retornou ao Brasil somente três
meses e meio depois, indo eu ao seu encontro na cidade de Manaus/AM.
Perceberam como foi difícil o contato à
distância? Felizmente isso não foi empecilho para nosso relacionamento
crescer. Depois disso ele ficou mais cinco anos viajando e pude acompanhá-lo
por várias vezes, tanto ao exterior, quanto no Brasil. Mas havia os períodos em
que ficávamos separados, embora unidos pelos nossos sentimentos, pelo coração.
Nesse período, tive meus "bad days" em que chorei muito. As pessoas
próximas, mesmo sabendo de sua profissão, me perguntavam dele e quando
voltaria. Isso me doía e às vezes preferia ficar só em casa sem ver ninguém.
Mas a tristeza passava, principalmente quando recebia alguma cartinha ou
telefonema
Mas, e se fosse nos dias de hoje? Ah, com certeza seria muito mais fácil! Naquela
época, não tínhamos a internet e suas múltiplas possibilidades. Todas as
ferramentas tecnológicas de comunicação facilitam e muito a vida de pessoas com
essa profissão. Aliás, facilitam a vida de todos nós.
Muitos aspectos da vida social, profissional e
pessoal foram afetados pelas novas tecnologias. Desta forma, não há como pensar
as relações entre as pessoas [...] sem a mediação dos meios rápidos de
informação, tais como e-mail, mensagens instantâneas, torpedos, blogs, redes
sociais, pastas com arquivos comuns, celulares, câmeras fotográficas e outras
ferramentas presentes na era digital. - Portal Educação
Se você está num relacionamento à distância, não desanime! Pode dar certo ou não, como os relacionamentos de pessoas que estão sempre juntas fisicamente.